Depois de 250 quilômetros saindo de Fortaleza, estamos em Jijoca, ainda no estado do Ceará. Destino final? Não! Ainda falta pegar carona em uma caminhonete ou em uma jardineira, para conseguir atravessar as enormes dunas do lugar, e só aí estamos na praia mais famosa do litoral cearense: JERICOACOARA!

Desde os anos 80, quando Jeri foi descoberta por mochileiros, o vilarejo de pescadores mudou muito: passou de praia desconhecida, sem televisão, telefone e civilização, a destino turístico procuradíssimo, com energia elétrica instalada via cabos subterrâneos – para não comprometer o visual da vila, cujas ruas ainda são de areia.

A vantagem disso tudo é que o mar continua verde e quentinho como sempre, e a duna principal se mantém como mirante para um incrível pôr-do-sol.

Muitos turistas que decidem ir a Jeri cometem o pecado de tirar apenas um dia da viagem a Fortaleza. Não vale a pena. Os desafios do caminho e as belezas de Jeri requerem pelo menos quatro dias de atenção. É indispensável conhecer a Pedra Furada, passear de bugue pelas dunas, mergulhar nas lagoas de Jijoca e brincar de esquibunda em Tatajuba.

A rua principal da vila é bastante movimentada, cheia de caminhonetes, bugues de passeio e caminhões de abastecimento do comércio. Se à noite é uma ótima opção para jantar ou curtir um forró, durante o dia não é o melhor lugar para ficar, até porque, para quem está em Jeri, o negócio é aproveitar a praia.

A praia em si não tem tanta graça assim. Areia batida e escura e poças d’água represadas deixam-na menos bonita. A mágica de Jeri está em suas dunas, tombadas como Parque Nacional desde 2002. De cima da Duna do Pôr-do-Sol, a vista é de tirar o fôlego.

 

Durante o dia, a melhor diversão é encontrar um lugar à sombra das amendoeiras e ficar assistindo aos espetáculos das velas de windsurfe, já que caminhar debaixo do sol de Jeri é praticamente impossível. No final da tarde, o calor dá uma trégua, e os esportes começam a surgir na areia da praia: futebol, caminhada, capoeira… A duna começa a receber cada vez mais gente, para oferecer a melhor vista de um dos pores-do-sol mais lindos do Brasil.

Mas o dia não acabou. Rodas de capoeiras começam a se exibir. Bares e restaurantes oferecem happy hour animadíssimos. Barraquinhas de bebidas também começam a surgir, enfileirando-se lado-a-lado e formando a chamada “passarela do álcool”. Restaurantes, há vários, desde os famosos PFs a lugares mais charmosinhos. Quarta e sábado, todos sabem, é dia de forró. Depois do aquecimento na frente da balada, com música eletrônica, é claro.

Os passeios tradicionais da vila acontecem, em sua maioria, a bordo de bugues, os melhores veículos para transitar pelas areias fofas do litoral. A chegada a Nova Tatajuba mostra como era Jeri anos atrás, pois tem acesso apenas pela praia, através de Mangue Seco. A parada no Rio Guriú vale a pena: o passeio leva ao manguezal onde se vêem cavalos-marinhos.Tatajuba tem como melhor praia uma lagoa – a Lagoa da Torta, com barzinhos que montam redes dentro d’água.

Entre março e junho, depois das chuvas de verão, há outra atração especial, a Duna do Funil, que tem uma grande lagoa formada por água da chuva represada. Pranchas de esquibunda podem ser alugadas facilmente.

Para outro lado, existem as Lagoas Azul e Paraíso. De cor azul-turquesa e cercadas por dunas, um mergulho nas águas cristalinas dessas lagoas deixam o banho de mar no chinelo.

Há também a Praia do Preá, bastante freqüentada por praticantes do kitesurf, apesar da pouca estrutura. É comum ver várias jangadas ancoradas e pescadores em cooperativa recolhendo redes de pesca. No caminho para lá, vê-se a Árvore da Preguiça, que se desenvolveu completamente deitada por causa dos fortes ventos da região. Outro ponto turístico interessante é a Pedra Furada, onde se pode chegar caminhando ou a cavalo.

Jeri é assim: cheia de belezas e atrações naturais de se emocionar. A chegada da civilização mudou a vila, inevitavelmente. Mas a combinação de lagoas, dunas e pôr-do-sol ainda faz valer (muito) a pena uma visita.